Sabem aquele par de sapatos que têm lá por casa há imenso tempo, que até tem bom aspecto e que vos faz pensar porque raio não os usam mais vezes em vez dos mesmos de todos os dias, mas ao usá-los se lembram imediatamente porquê?
Pois bem, tenho uns desses (ou melhor...tinha!). Todos os anos, no Inverno, encontro-os no armário e penso "Olha, pois é, ainda tenho estes e que jeitosos que eles estão!" e lá os calço. Se tiver sorte, não chove e tudo corre bem, mas a verdade é que um deles tem uma racha na sola, que deixa entrar água e assim que piso uma poça fico com o pé encharcado. Todos os Invernos isto acontece, e devido à sonolência matinal ainda demoro uns dias a deixar de os calçar de manhã. Finalmente há uma manhã em que me lembro de não os calçar e voltam para o armário. Para o armário e não para o lixo....porquê? Porque quando estou a arrumar a casa, mais uma vez não me lembro do defeito na sola.
Pronto, agora que estão devidamente introduzidos no tema, ficam a saber que foi finalmente esta manhã que troquei de sapatos, farta de andar com um pé molhado o dia inteiro. E, vá lá, desta vez foram mesmo para o lixo!
Calcei umas botas, toda contente por ser uma pessoa tão lúcida logo pela manhã. Ora isto gera outro problema, porque no primeiro dia em que ando com um calçado diferente, tenho sempre algumas dificuldades, a conduzir, a subir escadas, etc., porque ainda não tirei bem as "medidas" ao novo tamanho do pé, e passo o dia a fazer fintas a mim própria.
Tudo isto resultou num espectacular número de circo, que efectuei na empresa (felizmente hoje está pouca gente), ao voltar do almoço. Tirei um café da máquina, e ao subir as escadas, tropecei e derramei o café em mim própria...cabelo, camisola, calças, uma festa!
Será isto uma consequência? Uma espécie de aviso de que esta cabecinha não está preparada para momentos de lucidez como lembrar-me de não calçar os sapatos rotos de manhã?
Ou será o meu sub-consciente que está a tentar ir preparar a consoada mais cedo?
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