Numa pastelaria, estava eu e o Homem-Que-Não-Assina perto do balcão e à nossa frente uma senhora, com os seus 65 ou mais anos, que vasculhava na mala em busca da carteira para pagar.
A primeira e única coisa que tirou da gigantesca mala foi uma chave de carro, com um ostensivo e brilhante porta-chaves da Audi, que colocou de imediato em cima do balcão, não à sua frente, mas um pouco mais ao lado, onde podia ser avistado por quase toda a gente na pastelaria.
O porta chaves ali ficou durante alguns minutos, e finalmente lá foi encontrada a teimosa carteira, que correspondia em tamanho à mala de onde saía.
A senhora pagou, guardou a carteira e, eu ía jurar que antes de recolher a chave do balcão, percorreu disfarçadamente a assistência com os olhos.
Saiu e elegantemente dirigiu-se para o carro estacionado em frente da vitrine da pastelaria, um Audi TT preto, impecavelmente lavado.
Achámos a cena hilariante, porque claramente não era um porta chaves com 5 cm que ía impedir de ver uma carteira de 20, dentro daquele malão que parecia trazer tudo o necessário para sobreviver a um ataque nuclear.
O isco não pegou, penso eu, já que na pastelaria havia apenas casais ou solteiros com ar de achar mais piada a um tractor que a um Audi TT, mas o facto é que ninguém ficou indiferente à senhora, que entretanto já tinha arrancado no seu fantástico bólide, em direcção, quem sabe, a uma pastelaria com solteiros mais atentos...
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