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terça-feira, 13 de julho de 2010

Second life

Quando vejo uma pessoa (forte e de boa saúde) a chamar alguém porque há um biombo ou uma planta que está de esguelha, fico sempre num estado de espanto, porque se eu própria vejo algo fora do sítio, vou lá endireitar, arranjar, etc., e sinceramente tenho vergonha de o pedir a quem quer que seja.

Quando alguém faz um escândalo, porque encontrou, que horror, um mosquito a voar no refeitório, e ai que devíamos já fechar isto tudo que está impróprio para consumo, fico eu a pensar como será a cozinha da pessoa em questão, pois será provavelmente um cenário de filmagens de uma qualquer revista de decoração, de tão incólume que está.

Vejo pessoas a estacionar de qualquer maneira, a utilizar os equipamentos sem qualquer cuidado, a agir diariamente sem qualquer respeito pelos outros, a fazer coisas que não me passa pela cabeça alguma vez fazer, seja por motivos morais, pessoais ou simplesmente higiénicos, e depois vejo estas mesmas pessoas a agir como seres superiores, sempre à espera de alguém que lhes faça as tarefas extra-função-laboral, mesmo os de funções mais básicas.

Parece-me que há quem tente fazer do emprego uma segunda vida, para compensar a primeira. Na segunda vida tudo é perfeito, não há sujidade, não há desarrumação, não há frio nem calor, não há que fazer trabalhos menores, nem sequer há insectos!

O trabalho não é onde podemos ser ricos e poderosos, é onde lutamos (e por vezes nos sujamos) todos os dias para cumprir o que é preciso. E o que é preciso é ultrapassar o dia, ganhar o ordenado, e ir para casa, para a verdadeira vida.

O trabalho é sim uma segunda vida, mas é secundária, e é suja! Se fossemos ricos e poderosos não estávamos aqui....

1 comentário:

al disse...

Mas só pode voltar á verdadeira e primeira vida quem a tem... caso contrario ao sair da second life só há third or NO life, e é nesse patamar que encontramos a maioria dos colegas quando trabalhamos ou das pessoas se já nos reformámos, SAD ISN'T IT???