Tenho saudades dos tempos em que os automóveis eram apenas um monte de metal com engrenagens, movidas a combustível.
Sem controlos, sem electrónicas, sem centralinas, isso é que eram tempos.
Mas pronto, a certa altura alguém se lembrou que seria preciso andar de noite, e puseram umas luzes.
E depois alguém se lembrou que as luzes davam jeito para sinalizar manobras e puseram electrónica para fazer aquilo piscar. E daí até ao controlo automático de tudo o que é peça, foi um saltinho.
Ainda hoje comentei com o Homem-Que-Não-Assina que já não me lembro como era quando não tinha ar condicionado. Como era possível entrar no carro depois da praia, com aquela sensação de falta de oxigénio? E quando conduzo outro carro que não o meu, é certinho que não vou acender luzes à entrada dos túneis, nem ligar os limpa pára-brisas a não ser quando já não vejo nada, porque tudo isso é feito por mim. E uma pessoa habitua-se tão depressa às coisas boas...
E é assim que o argumentista do Exterminador Implacável começa a ter razão, quando damos por nós estamos dependentes das máquinas e já lhes permitimos fazer e decidir coisas por nós, das quais nem vemos as consequências.
O meu querido bimmer embirrou (alguma vez teria de ser a primeira) que não consegue destrancar a direcção e sempre que o ligo lá me avisa que não vai ligar o motor. Mas já anda assim há semanas, SEMANAS, e continua a ligar e a trancar e destrancar a direcção, mas o irritante "PLIM" sempre que se abre uma porta ou se mete a chave não nos deixa esquecer que este é um estado temporário. Um dia (não se sabe quando) o aviso deixa de ser um aviso e concretiza-se.
E, antes que fique apeada sabe-se lá onde, lá vou à oficina, gastar um dinheirão para substituir uma placa electrónica, uma porcaria de um bocado de plástico com 10cm de comprimento e meia dúzia de circuitos, que é quem decide neste momento se vou a algum lado ou não.