"Bartolomeu levanta uma questão interessante - e quando o pássaro volta? Confesso que alucinei sobre ave sem retorno, mas compreendo a dúvida, há amores que regressam. Intocados? Por outros alguéns ou pelo que os levou a deixar-nos? Se por outros alguéns, como reagimos nós? Depende do que sentiram ou fizeram? Nós homens, temos reputação de reagir de forma diversa quando quem amamos conheceu alguém no sentido bíblico do termo:). E no entanto há paixões vestidas, até longínquas!, que modificam - às vezes para sempre... - o olhar de quem volta. Pobres de nós quando nos batemos contra essas rivais - castas na Carne, sem esperança ou desejo de cura para o delírio que lhes rói e salva o espírito.
Em outras ocasiões não houve ninguém entre nós e nós. Mas o que fez voar o pássaro, impotente embora para evitar o seu regresso, chega e sobra para o manter em guarda. Contra nós, que porventura o magoámos, mas também contra si mesmo, que baloiça entre o alívio deliciado e faminto por nos reencontrar e uma sensação amarga de cedência, por acreditar piamente que o não merecemos ou amamos bem. Quando existe tal ambivalência, a bonança que sucede à tempestade anuncia nova tormenta...Compreendo a parcimónia de Bartolomeu em face de aves migratórias. E contudo, quantos se podem gabar de nunca ter consultado relógio de pulso ou calendário, na esperança de ver alguém pousar de novo na área bem pouco protegida do seu peito:)?" - Júlio Machado Vaz
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