É com pesar que constato de vez em quando que realmente nasci para ser pobre.
Não é todos os dias que vou comprar roupa, e dependendo do tipo de roupa e da ocasião, opto por lojas classificadas por menor ou maior poder de compra.
Foi no Natal passado que me voltei a sentir pobre numa loja onde só vou quando quero comprar algo bom, uma dessas lojas de roupa que parece uma sala de estar gigante, com tapetes persa e sofás, aparadores e cristaleiras, e ocasionalmente um cabide ou outro, com camisas e casacos, apenas para relembrar que não estamos num clube de campo.
Fiz a minha compra, paguei no balcão, e embora não sejam frequentes as minhas visitas a este tipo de lojas, já me habituei ao constante apaparicar dos empregados, perguntando se quero um café, se preciso de uma alteração de costura na peça ou se quero deixar as compras enquanto vou dar mais uma volta. E foi exactamente quando recusava a última das ofertas dos empregados e pegava no saco da compra para sair, que a empregada do balcão me arrancou o saco da mão e disse rapidamente "Não, não, não!".
O meu pensamento imediato foi "Mas então eu já paguei, ou este valor foi só pelo apaparicanço?", mas ela continua com um "Eu acompanho-a à porta.".
Pegou no saco, caminhámos até à porta, num percurso que me pareceu interminável, embora fossem só 5m. Na porta entregou-me o saco, agradecendo a minha visita, e lá fui eu concluindo mais uma vez que não sei ser rica.
1 comentário:
Foras rica e gritavas "não, não, não!" se não te levassem o saco à porta e se despedissem com uma vénia.
Foras podre de rica e iam-te a casa mostrar-te os trapos.
Enviar um comentário